A IMPRENSA DE CUYABÁ

Terça-feira, 18 de Junho de 2019, 09h:00

Concessionária: de dez casas em um bairro, seis têm "gatos"

BRUNA BARBOSA DA REDAÇÃO - Midia News

O gerente operacional da Águas Cuiabá, concessionária responsável pelo abastecimento na Capital, Paulo Cardoso, classificou como "absurda" a quantidade de "gatos" (furtos) de água, na Capital. 

 Segundo ele, de dez casas em um bairro de Cuiabá, seis delas possuem "gatos". 

 Em um estudo divulgado pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a GO Associados, Cuiabá aparece como o 5º entre os dez municípios com a maior perda na distribuição de água. 

De acordo com Cardoso, os "gatos" contribuem para o aumento da taxa de desperdício de água.

Tem lugares em Cuiabá onde o 'gato' é institucionalizado, na maioria das áreas invadidas tem. A quantidade de 'gatos' em Cuiabá é absurda. Não consiguimos abastecer a cidade inteira durante 24 horas por causa dos 'gatos', de fraudes e desetorização

Ele informou que a concessionária produz duas vezes o necessário para abastecer Cuiabá, porém, devido à problemas como furto, o volume produzido acaba não sendo suficiente para abastecer a Capital por 24 horas. 

 "Tem lugares em Cuiabá onde o 'gato' é institucionalizado. Na maioria das áreas invadidas, tem. A quantidade de 'gatos' em Cuiabá é absurda. Não conseguimos abastecer a cidade inteira durante 24 horas por causa dos 'gatos', de fraudes e desetorização, além de sistemas antigos, onde a modelagem precisa ser refeita", explicou. 

 Atualmente, de 320 bairros na Grande Cuiabá, 60 ainda contam com o abastecimento intermitente, que também eleva os índices de perda na distribuição de água. 

 "A falta de distribuição 24 horas causa estresse na população, faz com que o vazamento que era pequeno se torne grande e também precisamos encher todas as tubulações para garantir o abastecimento. Então, é um estresse tremendo", disse. 

 Perda na distribuição 

 Os dados reunidos pelo Instituto Trata Brasil mostram que Cuiabá desperdiça 69,86% da água potável produzida. De acordo com o gerente comercial da Águas Cuiabá, a meta é reduzir o valor para 35% até 2022. 

 A pesquisa se baseou em informações referentes ao ano de 2017. Para ele, a conscientização dos consumidores é uma das alternativas para resolver o problema. 

 "Precisamos andar em conjunto com a Prefeitura de Cuiabá e a Secretaria de Ordem Pública, porque não temos poder de polícia, não posso chegar na casa de uma pessoa e multá-la pelo desperdício. Isso não existe na legislação. A relação de consumo entra a Águas Cuiabá e o cliente 'morre' no cavelete. Dali em diante, é necessária a conscientização do consumidor", explicou. 

 Ainda conforme Cardoso, o índice apresentou redução em 2018 e o crescimento desordenado de Cuiabá contribui para o aumento do desperdício de água. Ele explicou que mesmo locais isentos do pagamento da tarifa também passam pela leitura de hidrômetro.

No final, esses valores são contabilizados como perda de faturamento, já que, apesar das leituras, as entidades não fazem o pagamento da taxa. 

 "Cuiabá sempre figurou na alta perda em função das características de formação da cidade, que tem muitas invasões. Hoje ainda temos 111 áreas de invasão catalogadas pela Água Cuiabá somente na zona urbana, fora as que estão surgindo nos distritos", disse. 

 Medidas para redução

 Entre as medidas para redução na perda de distribuição de água em Cuiabá está a setorização do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), localizado no Bairro Jardim União, na Capital. O local tem capacidade para armazenar quatro milhões de litros e atende oito bairros. 

 O Reservatório Altos do Ribeirão do Lipa, assim como a setorização da distribuição na região do Bairro Despraiado, em Cuiabá, também é uma das iniciativas citadas por Cardoso. 

 "Inauguramos o Inpe, mas já estamos há um mês trabalhando na setorização, que vai contabilizar o consumo e determinar onde estamos perdendo ou não estamos medindo a água. Locais como Chico Mendes, Paraisópolis são grandes áreas de invasão onde estamos trabalhando", explicou. 

 O gerente também explicou que outra medida foi tornar o abastecimento dos Bairros CPA I e II sem interrupção. De acordo com ele, durante 35 anos, a distribuição na região era intermitente.

 Ainda conforme Paulo, a Associação Internacional de Água, responsável pelo balanço hídrico nacional, também faz a categorização da perda de distribuição de água.

 No ranking da entidade, de acordo com o gerente, a perda real da Capital é de 31% e a aparente, de 19%. Já a perda total é de 51%. 

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