Você já ouviu dizer que às vezes precisamos deixar alguma coisa partir para que algo novo chegue? Ou que muitas vezes é necessário abrir mão do que queremos para receber o que merecemos? Vamos conversar um pouquinho a respeito desse assunto hoje.
Observamos que na natureza os seres vivos estão fundados em um ciclo, eles nascem, evoluem e morrem para que se dê lugar a outro movimento de nascimento, evolução e partida.
Nós também chegamos à Vida, evoluímos, crescemos através do aprendizado, e em um determinado momento partimos para outro lugar, deixando para trás uma história que será compartilhada com os nossos descendentes que também chegarão e permanecerão o tempo necessário. Assim é o movimento da Vida, tudo o que realizamos também tem seu início, meio e fim. Por que então, às vezes, é tão difícil abrirmos mão de certos projetos, coisas e pessoas que encontramos em nossa caminhada? Ainda queremos ter o controle da Vida, direcionar seus movimentos para que ela se molde à nossa conveniência e não percebemos, muitas das vezes, que nós é quem deveríamos atender aos chamados da Vida para que ela nos beneficie com o que é mais necessário aos os nossos anseios.
Bert Hellinger ensina que, quando deixamos as coisa (abrimos o controle), elas seguem seu curso como se tivesse uma força própria, sem a nossa interferência e acabam por chegar ao destino que lhes pertence. Quando deixamos algo partir, nos liberamos, deixamos que siga e ficamos liberados para receber da Vida outra coisa que nos sirva o tempo necessário para aprender novas lições.
Em nossa caminhada podemos perceber que algo que fazia sentido em nossa infância, na fase adulta perde sua finalidade. Sentimentos, afetos, ligações amorosas que por vezes se iniciaram como uma brisa de verão, em outros momentos se tornaram vendavais e simplesmente se desfizeram no seguir do tempo.
Como saber, então, quando devemos deixar partir? Como saber que algo quer se afastar de nós e seguir seu caminho para outro lugar?
A visão sistêmica nos orienta que devemos observar três pontos: primeiramente, devemos sentir se esse algo é pesado para nós, quer dizer, se nos traz preocupações. Quando já não sabemos como lidar com ele e observamos que a cada dia novos obstáculos surgem, nos mostrando que com o tempo não teremos mais uma boa relação com o projeto.
Em segundo lugar, quando perdemos a vontade de realizar, quando perdemos a alegria, o entusiasmo em desenvolvê-lo, e ele passa a tencionar nosso corpo, percebemos uma pressão e não um estímulo, uma animação.
Em terceiro, se observarmos que a sensação que temos ao nos imaginar abandonado esse projeto é uma sensação de alívio. Respiramos abundantemente e recuperamos nossa força e confiança.
Quando abrimos mão da continuidade de um projeto ou produto ou relação, porque ela já cumpriu sua finalidade, cedemos lugar para o que vem a seguir, algo diferente, algo novo. E quando esse novo se apresenta, para que ele cresça e se desenvolva, devemos refletir a respeito: esse algo corresponderá mais a mim? Esse projeto pode crescer sem que se torne uma carga? Como será a reação das pessoas que me cercam quando anunciar esse novo projeto, produto ou relacionamento? Ele será bem-vindo?
Para que estejamos a serviço da Vida, atendendo suas necessidades, devemos respeitar os movimentos de chegadas e partidas, ou por outra, partidas e chegadas. Buscar direcionar a finalidade de nossos projetos para estar em sintonia com várias coisas, servindo com amor à Vida de muitos.
(*) DUMARA VOLPATO é advogada e Terapeuta em Constelação Familiar com Curso em Hellinger Sciencia pelo Instituto Hellinger do Brasil; Formação em Constelação Familiar pelo Instituto CreSer de Campo Grande – MS; Curso de Aprofundamento em Novas Constelações e Curso de Análise Transacional pelo Instituto de Constelações Familiares Brigitte Champetier; e Praticante Profissional de Cura Reconectiva e Reconexão, pelo The Reconection, Califórnia – EUA. E-mail: [email protected]
