A IMPRENSA DE CUYABÁ

Segunda-feira, 04 de Julho de 2022, 08h:04

Os japoneses em Cuiabá

neila barreto

 Neila Barreto

Em Cuiabá-MT as famílias migrantes e imigrantes japonesas ajudaram a construir uma Cuiabá de 303 anos. Dentre eles um dos pioneiros da colônia japonesa Tadashi Okamura, homenageado em 30 de junho último pela Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso.

Conforme o deputado Carlos Avalone “ Tadashi Okamura contribuiu para o desenvolvimento do estado de Mato Grosso, sendo ele o patriarca e o pioneiro da imigração japonesa o qual ajudou a colonizar o interior de São Paulo, Paraná e Mato Grosso” e, depois Mato Grosso e Cuiabá.

Vale lembrar que à época o presidente Getúlio Vargas incentivava a ocupação do interior do País na década de 70, especialmente em Mato Grosso e na Amazônia, as novas fronteiras que à época se constituía em um grande vazio demográfico. Vargas manifestava a sua preferência pelos imigrantes japoneses, considerando a força da cultura e dos costumes de vida empreendidos pelos povos japoneses, informou Avalone.

Getúlio Vargas (1930-1945) almejava que os colonizadores trouxessem os traços positivos dos japoneses como a disposição para o trabalho, a correção, a honestidade, o respeito, a autoridade, a disciplina e a hierarquia e, percebeu que os japoneses possuíam essas qualidades para enfrentar os desafios, qualidades hoje difíceis de serem encontradas.

Tadashi Okamura veio para o interior de Mato Grosso quando não havia estradas, as viagens duravam meses, onde se integrou à Gleba Rio Ferro, fundada pela família Matsubara, conforme informou a senhora Yuco Matsubara, cuja área se tornou o município de Feliz Natal-MT. Okamura encarou os desafios e gerenciou a Gleba por muitos anos, cuidando de toda a infraestrutura de produção e atendimento às famílias japonesas, ponderou Avalone.

Tadashi Okamura constituiu família, enfrentou diversas adversidades na floresta. Veio depois, para Cuiabá na condição de topógrafo onde trabalhou na antiga Companhia de Habitação de Mato Grosso – COHAB-MT. Mais tarde se tornou hoteleiro montando o hotel Paraná, além de montar a primeira fábrica de artefatos de cimento em Cuiabá. Fundou a associação cultural nipo-brasileira em Cuiabá e Várzea Grande-MT, a qual presidiu por 14 anos.

Casou-se com Kaneo Okamura, conhecida popularmente na capital como Rosa Okamura, falecida em 24 de abril de 1995, pais de Massairo Okamura, Jorge Okamura, casado com Satiko Okamura; Nório Okamura, casado com Alcione Galvão Okamura; Tetsuo Okamura, casado com Mieko Kawatoko Okamura; Julieta Toshiko Okamura; Marina Okamura Tocantins, casada com Reinaldo Tocantins; Jaime Yassuo Okamura; Eunice Leiko Okamura de Almeida, deixando várias ramificações de família na capital, conforme consta do livro Gente que fez, Gente que faz, de autoria da historiadora Neila Barreto. Tadashi faleceu na capital, a 10 de abril de 1993, deixando a sua contribuição para a colônia japonesa e para os mato-grossenses. Recebeu em 30 de junho de 2022, “in memória” a Comenda “Senador Filinto Muller”, das mãos do deputado Carlos Avalone.

Participaram, entre os homenageados, as famílias Ishizuka, Okamura, Nomura, Matsunaga, Takeshima, Casicava, Izawa Kawahara, Saga, entre outros.

(*) NEILA BARRETO é Jornalista. Mestre em História. Membro da AML e atual presidente do IHGMT e escreve para p A Imprensa de Cuiaba .