A IMPRENSA DE CUYABÁ

Segunda-feira, 19 de Setembro de 2022, 09h:22

Professor aposentado coleciona prêmios com receitas de cerveja

Geólogo Jayme Leite, de 66 anos, tem 11 medalhas obtidas em competições da bebida

PAULA SHAIRA - Midia News

cervejeiro

 

O professor universitário Jayme Leite, de 66 anos, que deu aulas no curso de Geologia da UFMT, descobriu na produção de cerveja artesanal uma nova paixão. Algo que ele leva a sério - atualmente desempenha o cargo de vice-presidente da Acerva MT (Associação dos Cervejeiros de Mato Grosso).

 A paixão surgiu em 2015, despretensiosamente, durante uma conversa com um amigo de longa data. Entre uma cerveja e outra, o amigo indagou: “Por que a gente não faz a nossa própria cerveja?”. E desde então o geólogo não parou mais.

 Jayme e o amigo começaram os trabalhos comprando “kits prontos” pela internet, que vinham com todos os ingredientes e instruções necessárias para a produção.

 Porém, depois de um tempo os kits foram ficando para trás, e Jayme foi buscando cada vez mais a própria identidade cervejeira.

“Existem cursos que são oferecidos para se fazer cerveja. Você pode fazer isso na internet. Pode ir presencialmente fazer o curso também, ou você estuda por conta própria. Comecei estudando por conta própria e depois fiz cursos pela internet. Se quer evoluir, você cada vez estuda mais, mostra a sua cerveja pras outras pessoas para ver o que elas acham, e assim vai trocando informações”, diz.

Segundo o cervejeiro, um iniciante vai precisar investir em média R$ 800 a R$ 1000 para adquirir os primeiros equipamentos, que são: panela cervejeira, balde fermentador, densímetro, termômetro, pHmetro, escumadeira, jarra, borrifador.

 Com o tempo e evolução do cervejeiro, surge a necessidade de investir em novos equipamentos para um resultado cada vez mais satisfatório.

Em relação aos ingredientes, a cerveja precisa de quatro principais para a sua receita: água, que compõe 90% da cerveja, o malte (o cereal base da bebida), lúpulo (amargor e conservante natural) e leveduras (o “fermento” da cerveja). Porém, para a produção dos mais 150 estilos de cerveja existentes no mundo, este itens passam longe de serem os únicos.

 Títulos

 Jayme coleciona onze premiações de concursos cervejeiros. Apesar disso, diz que não tem planos de abrir uma cervejaria.

 O cervejeiro, que atualmente mora em um residencial de chácaras na estrada de Chapada, enfatiza que quer passar a maior parte do seu tempo em casa com a esposa, cuidando da horta, orquídeas e fazendo a sua cerveja.

 “Eu já sou muito velho para querer empreender em uma cervejaria. Curto tomar a cerveja que eu faço, participar de concursos, ganhar as minhas medalhas. Essa é a minha onda. Mas muita gente no Brasil inteiro começou com uma panela e hoje tem uma cervejaria”, explica.

 O professor conta que a Acerva-MT estava praticamente desativada na época em que começou a produzir cerveja, e junto a um grupo de cervejeiros, buscou os meios para fazer com que voltasse à ativa.

 “A Acerva já estava montada, mas estava “adormecida”. E em 2018, um grupo de pessoas entre os quais eu estou, pensou: ‘Vamos pegar a Acerva e tentar movimentar a cena cervejeira de Cuiabá’”, recorda.

 O cervejeiro que somente neste ano já produziu mais de 500 litros tem como um de seus planos reproduzir novamente sua receita autoral, uma cerveja do tipo “Goose” de umbu, com o fruto colhido de seu próprio quintal.

 “Eu fá fiz no início do ano passado essa Goose, metade dela pura e metade com Umbu. E esse ano e vou repetir a receita. A colheita do umbu é entre novembro e janeiro. O umbu traz uma acidez e o sabor dele que é indescritível, talvez uma mistura de manga com cajá-manga.”

 Curso de especialização em cerveja

 Jayme diz que a partir do ano que vem vai ministrar o curso “Tecnologia Cervejeira”, com a coordenação de Paulo Rossinoli na UFMT. Além de aprender a produzir cerveja, os inscritos também vão receber direcionamentos para abrir a sua própria cervejaria. O curso de produção de cerveja terá vagas limitadas, e será divulgado pelo portal da UFMT.