Neila Barreto
O Dia Mundial da Água foi criado pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas por meio da resolução A/RES/47/193 de 22 de Fevereiro de 1993, declarando todo o dia 22 de Março de cada ano como sendo o “Dia Mundial das Águas”, de acordo com as recomendações da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Por que devemos nos preocupar com a água se sabemos que dois terços do planeta Terra é formado por este precioso líquido?
A razão é simples. É muito pouca a quantidade boa para se beber. Somente 0,008 %, do total da água do nosso planeta é potável, isto é, própria para o consumo humano.
Por outro lado, podemos verificar que é muita a contaminação das fontes naturais de água, tais como, nascentes, rios, lagos, represas, poços e outros mananciais. Isto tudo aliado à degradação ambiental.
E pasmem! Tudo com a ajuda da mão do Homem. É uma situação preocupante, pois poderá faltar, num futuro próximo, água de beber para o consumo de grande parte da população mundial ou, então custar muito caro para obtê-la, em função dos caríssimos produtos químicos para trata-la. Pensando assim, precisamos economizar água.
Somos campeões mundiais no desperdício residencial de água. Cuidar das nossas nascentes naturais. Limpar os nossos rios. Reciclar os nossos lixos. Tratar os nossos esgotos. De acordo com os dados da Associação dos Fabricantes de Materiais Sanitários – ASFAMA -, o brasileiro gasta, em média 200 litros/dia de água.
Esse volume é 5 vezes maior do que a Organização Mundial de Saúde – OMS considera como suficiente para consumo, 40 litros. Esse desperdício está distribuído entre as torneiras, mangueiras, vazamentos invisíveis e visíveis, vassouras hidráulicas, chuveiros, sendo as válvulas de descarga as grandes vilãs do desperdício.
Elas consomem cerca de 40% de toda a água de uma residência. Apertá-la por um segundo gasta 2 litros de água. Reverter essa situação é muito fácil. Basta que cada um faça a sua parte. Como?
Saiba como economizar água.
Banho - Feche a torneira ao se ensaboar. Uma ducha aberta durante 15 minutos consome 135 litros de água; no mesmo período, um chuveiro elétrico consome 45 litros de água. Se o uso for reduzido para cinco minutos, o consumo cai para 45 litros de água, no caso da ducha, e para 15 litros, no caso do chuveiro elétrico.
Escovar os dentes - Molhe a escova e feche a torneira enquanto escova os dentes e enxágüe a boca com um copo de água. Cinco minutos com a torneira aberta gastam 12 litros de água.
Lavar o rosto - Não demore. Um minuto com a torneira meio aberta gasta 2,5 litros de água.
Barbear - Cinco minutos gastam 12 litros de água. Fechando a torneira, o consumo cai para dois ou três litros.
Vaso sanitário - Seis segundos de acionamento gastam de 10 a 14 litros de água. Bacias sanitárias fabricadas a partir de 2001 necessitam de menos tempo para a limpeza e consomem seis litros de água por descarga. Quando a válvula está defeituosa, o gasto pode chegar a 30 litros de água. Mantenha a válvula da descarga regulada e conserte vazamentos assim que forem notados. Não use a privada como lixeira ou cinzeiro e nunca acione a descarga à toa.
Lavar a louça - Primeiro, limpe os restos de comida dos pratos e panelas com esponja e sabão e, só aí, abra a torneira para molhá-los. Ensaboe tudo que tem que ser lavado e, então, abra a torneira para novo enxágüe. Lavando louça com a torneira meio aberta por 15 minutos são utilizados 117 litros de água. Com economia, o consumo chega a 20 litros. Uma lavadora de louça com capacidade para 44 utensílios e 40 talheres gasta 40 litros de água. Utilize-a somente quando estiver cheia.
Lavar a roupa - A lavadora de roupas com capacidade de cinco quilos gasta 135 litros de água. O ideal é usá-la somente com capacidade total. No tanque, a torneira aberta por 15 minutos gasta até 279 litros. Deixe acumular a roupa e coloque água no tanque para ensaboar, mantendo a torneira fechada. Aproveite a água do enxágüe para lavar o quintal.
Jardim - Molhar as plantas por 10 minutos pode consumir 186 litros de água. Use um regador em vez de utilizar a mangueira. No verão, regue pela manhã ou à noite, o que reduz a perda por evaporação. No inverno, regue um dia sim, um dia não, pela manhã. Com uma mangueira com esguicho-revólver, a economia chega a 96 litros por dia.
Piscina - Uma piscina de tamanho médio exposta ao sol e ao vento perde aproximadamente 3.785 litros por mês por evaporação. Água suficiente para suprir as necessidades de água potável de uma família de quatro pessoas por cerca de um ano e meio (considerando o consumo médio de dois litros por habitante por dia). Com uma cobertura plástica, a perda é reduzida em 90%.
Calçada - Use a vassoura, e não a mangueira, para limpar a calçada e o pátio de casa. Se houver sujeira localizada, use um pano umedecido com água de enxágüe da roupa ou da louça. Com mangueira, em 15 minutos, são perdidos 279 litros de água.
Carro - Use um balde e um pano para lavar o carro em vez de uma mangueira. Se possível, não o lave durante a estiagem. Muita gente gasta até 30 minutos lavando o carro. Com uma mangueira não muito aberta, gastam-se 216 litros de água. Com meia volta de abertura, o desperdício alcança 560 litros. Para reduzi-lo, lave o carro somente uma vez por mês. Usando um balde, o consumo é de apenas 40 litros.
Não podemos esquecer que a água é um objeto de estudo revelador de antigos problemas das cidades, onde ela passa por vários espaços urbanos, indo do território público ao privado, visitando moradias ricas e pobres, tempos antigos e tempos atuais sem, em nenhum momento, eliminar desses espaços as diferentes relações de poder e suas singularidades.
Afinal, atrás do gesto de abrir uma torneira para obter água em abundância, encontramos uma história nada tranqüila, repleta de disputas, alianças entre autoridades públicas, religiosas, comerciantes, engenheiros, médicos e a população. As chuvas estão chegando ao fim. Inicia-se o período de estiagem. O sol e o calor de Cuiabá exigem muita água. Faça a sua parte! Economize para não faltar água para o seu vizinho.
(*) NEILA BARRETO é jornalista, historiadora e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.