Baixada cuiabana é marcada por diversas manifestações religiosas a santos padroeiros, entre um dos mais populares, São Benedito. Não somente nas cidades cuiabanas, mas também como em todo país, o santo negro é motivo de fé de muitas famílias que manifestam a gratidão ou adimiração de inúmeras maneiras.
Por aqui, através das tradicionais festas de santo. Neste sentido, o GD preparou uma série de reportagens que trata sobre as festas de santo de São Benedito na baixada cuiabana.
Segundo o historiador Suelme Fernandes, as festividades a São Benedito surgiram a partir de irmandades que são as idealizadoras das festas em louvor ao santo até os dias atuais.
Suelme Fernandes
“A festa de São Benedito precisa ser entendida dentro de um contexto do período colonial que se chama as irmandades religiosas que eram intituições de confraternização, solidariedade entre pessoas e segmentos da sociedade colonial, como os negros escravizados. As irmandades que sustentavam as festas de São Benedito no Brasil Colonial”, afirma.
A tradição das irmandades é mantida até os dias atuais. Uma dos mais antigos templos da igreja católica em Mato Grosso é a igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, localizada na região central de Cuiabá e que é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Nacional (Iphan).
Conforme Suelme Fernandes, a construção da igreja não foi voltada apenas para manifestações religiosas, mas também era uma forma de resistência, principalmente dos negros escraviodos, que construíram o templo.
“A irmandade de São Benedito era instituída, tinha regimento e formalização prática por parte da igreja. [A irmandade] Servia para sustentar todo processo de resistência africana e afro descente aqui no pantanal. Compartilhar entre os presentes, distribuir alimentos principalmente, por isso a festa tem bastante alimentos. Era uma estratégia de fraternidade e resistência de luta contra a escravidão negra no Brasil. Era uma instituição muito importante e se expandiu por todo pantanal”, explicou
Marcos Amaral Mendes, em sua defesa de mestrado na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) também pontua a grandeza da irmandade de São Benedito e o regimento administrativo.
“A Irmandade de São Benedito, gestora do território, era regida por uma mesa administrativa, que estabelecia regras de acesso e permanência, procurando legitimar a existência do grupo através do culto ao orago”.