A ameaça liderou o ranking de crimes cometidos contra mulheres registrados no ano de 2022, em Cuiabá.
O ato de intimidar as vítimas representa 24% dos 6.081 atendimento realizados pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM) na cidade ao longo de todo o ano, conforme dados divulgados Polícia Civil no 6º Anuário da DEDM, a partir do registro de ocorrências.
O documento em questão detalha o perfil das vítimas atendidas, o número de ocorrências registradas de crimes de violência doméstica, os bairros de maior incidência e o perfil dos agressores. O crime de injúria aparece em segundo lugar, com 17,9% dos registros.
”Destacamos que cada registro de ocorrência envolve, na maioria das vezes, mais de uma natureza criminal, portanto, a presente tabela visa verificar a frequência da totalidade dessas naturezas no montante de registros”, consta em trecho.
Quando se trata da motivação, os casos de violência doméstica acumularam 61,9% dos registros, seguida pela motivação sexual, com 4,9% do total de casos registrados.
De acordo com os dados, os 10 bairros de Cuiabá com maior quantidade absoluta de registros de violência contra a mulher são os seguintes:
1º DOM AQUINO – 1,5% (48 casos)
2º PEDRA 90 – 1,5% (47 casos)
3º JARDIM IMPERIAL – 1,0% (31 casos)
4º CENTRO SUL – 0,9% (27 casos)
5º CENTRO NORTE – 0,8% (25 casos)
6º GRANDE TERCEIRO – 0,7% (23 casos)
7º TIJUCAL – 0,7% (23 casos)
8º GOIABEIRAS – 0,7% (21 casos)
9º MORADA DA SERRA – 0,6% (20 casos)
10º BOA ESPERANÇA – 0,6% (20 casos)
Outros dados que chamam atenção são os perfis das vítimas, sendo elas, em sua maioria, mulheres pardas ou negras, separadas ou solteiras e com a faixa etária de 35 a 45 anos. O relatório também mostra que, a apesar de a maioria dessas mulheres ter ensino médio completo, 9,1% das vítimas declararam não estar em um emprego formal.
“Excetuando tais situações, 9,1% das vítimas se declararam do lar. Outra importante observação diz respeito ao grande número de mulheres que se encontram atuando em profissões denominadas de ‘subemprego’ e são elencadas como “outras profissões”, contando com o percentual de 19,4% nessa situação”, aparece.
Além disso, no levantamento consta que 25,7% dos crimes são praticados por ex-conviventes, seguidos de ex-marido, com 13,3% dos registros.
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
Conforme a Polícia Civil, no de 2022 foram registradas 101 mortes femininas em todo Mato Grosso; destas, 47 se enquadram em feminicídio, crime que implica na condição de a vítima ser mulher. As outras 54 tiveram como motivação rixa, vingança ou tráfico, por exemplo.
No levantamento, a DEDM informa que a pesquisa visa apresentar uma análise de dados apta a gerar discussões, reflexões e a busca de soluções viáveis para a diminuição dos índices de violência de gênero contra a mulher em Cuiabá e no Estado.
“Após mais de quinze anos da edição da Lei Maria da Penha, faz-se necessário algumas mudanças a nível de estratégias de enfrentamento. Ousa-se a pensar ainda em quebra de paradigmas para além do sistema judicial, no âmbito das articulações entre os vários atores e instituições que fazem parte desse processo de enfrentamento à violência contra a mulher, no sentido de fomentar mais ações que possam privilegiar as políticas de prevenção e assistência”, cita o documento, assinado pela delegada titular da DEDM, Jozirlethe Magalhães Criveletto.