A IMPRENSA DE CUYABÁ

Segunda-feira, 09 de Outubro de 2023, 13h:47

Oncologista explica como o câncer de mama se desenvolve e orienta sobre hábitos para prevenção

A doença se tornou o tipo mais comum no mundo e já supera outros cânceres mais incidentes

Leiagora

Anfre crepaldi oncologista

 

Outubro é o mês de prevenção e ações afirmativas sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. A doença se tornou o tipo mais comum no mundo e já supera outros cânceres mais incidentes.

Em Mato Grosso, somente até setembro de 2023 foram registrados 398 casos, um número considerável, já que no ano passado de janeiro a dezembro foram 683 diagnóstico confirmados da doença.

Os dados são do Sistema de Informações de Câncer (Siscan), extraídos pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).

Para alertar a população, foi criada a campanha Outubro Rosa, com foco na conscientização e a importância do diagnóstico precoce, já que o câncer de mama é a doença que mais mata as mulheres no Brasil e no mundo, sendo que a cada 99 casos, apenas 1% são em homens.

Pensando nisso, o Leiagora entrevistou o médico oncologista, André Crepaldi, que falou sobre como a doença se desenvolve, a importância do diagnóstico precoce, fatores de risco, sintomas, cuidados e hábitos de prevenção.

Confira a íntegra da entrevista abaixo:

Leiagora - Primeiramente, gostaria que o senhor explicasse o que é o câncer de mama e como essa doença se desenvolve.

André Crepaldi - O câncer de mama assim como todos os tipos de câncer são nada mais do que uma célula do nosso corpo naquela região que perde o controle de crescimento, sendo que normalmente elas estão sempre em renovação de produção e no canto do que acontece. O mecanismo interno fica alterado por alguma alteração quando ocorre a mutação e a célula passa a crescer de forma desenfreada. Então isso acontece em qualquer localização, e no câncer de mama é a mesma coisa.

Uma vez que isso acontece, ela começa a multiplicar de uma célula doente para duas, de duas para quatro até que atinja um número de células que a gente pode detectar. Quando a gente faz essa detecção de um tumor pequeno, chamada detecção precoce, na verdade esse pequeno já tem em torno de um bilhão de células, então aí é pequeno apenas para visualização, mas o número de células é bastante grande.

Essa alteração existem inúmeros fatores que podem levar a desenvolver a célula que a gente chama estimuladora, algumas vezes não tem causa alguma. No caso do câncer de mama, a gente sabe que alguns fatores são do próprio organismo que entra em contato e podem ter o seguinte aumento da chance de ter câncer de mama.

 


André Crepaldi - A campanha foi uma iniciativa muito boa, e passou a falar mais sobre a doença e realmente isso foi uma uma mudança muito grande, porque esse movimento começou lá nos anos 90 fora do Brasil e com isso todo mundo que não sabia ou que tinha medo de falar sobre pegar informações e realmente a partir daí é um grande movimento para que essas pessoas saibam o que é e posso lutar contra a doença.

Além disso, sabe que o diagnóstico precoce é um dos fatores mais importantes na cura e então realmente assim a campanha tem esse poder tanto de estimular a população realmente a conhecer e muitas vezes durante uma campanha se coloca também fatores importantes de lacunas com atendimento principalmente público que faz com que o poder invista e tomem algumas medidas para melhorar a saúde da população.

Leiagora - Quais as principais causas da doença e como prevenir?

André Crepaldi - Não é apenas uma causa única, o câncer é multifatorial, mas a gente sabe que alguns fatores de riscos realmente podem aumentar as chances de ter um câncer de mama. Entre eles, a obesidade, estar acima do peso aumenta o risco, o excesso do uso de álcool também aumenta o risco, e a gente tem vários outros grandes doenças associadas com isso também.

Um fator importante de prevenção é a atividade física. Quem faz exercícios regularmente três vezes por semana, pelo menos três horas por semana, têm um risco menor de ter a doença. 

Existem também fatores relacionados com a parte hormonal da mulher ou seja mulheres que tem uma primeira menstruação muito precoce abaixo dos 12 anos, ele aumenta um pouquinho o risco assim como ter uma menopausa, onde a menstruação dura um pouco mais tarde que o habitual expõe mais a mulher ao tempo com hormônios.

Tem também a questão dos anticoncepcionais, ele aumenta muito pouco o risco de câncer de mama, ele já tem comprovado isso, mas a gente sabe que é preciso ficar atento.

Além disso, a reposição hormonal na pós-menopausa tem sido também um pequeno aumento da chance. Sempre que a mulher estiver fazendo a reposição, tem que estar atenta e em acompanhamento médico.

A gente tem também fatores de herança genéticos, ou seja, mulheres ou homens que tenham familiares, principalmente com idade menor do que 50 anos, com ou que tiveram câncer de mama, possuem um risco maior de desenvolver a doença.

Outros fatores, são aqueles fatores herdados mais conhecido e famoso caso da Angelina Jolie. Trata-se de uma alteração genética herdada e que aumenta a chance de câncer de mama. Atualmente são realizados testes no sangue para detectar essas alterações e a partir daí orientar o paciente.

Leiagora - Quais são os sintomas mais comuns do câncer de mama?

André Crepaldi - Os sintomas mais comuns são a presença de nódulos. Normalmente, quando a mulher está no banho ou realizando autoexame ela acaba notando uma modulação na mama e são nódulos não assintomáticos que levam ela a procurar o atendimento médico e outros sintomas podem ser uma inversão do mamilo que estão ali na região posterior ao modelo. Menos comum, mas também pode ser uma secreção anormal saindo da mama e outras vezes uma nodulação na axila. 

Então, esses são os principais sintomas do câncer de mama, alguns pacientes desenvolvem como se fosse uma inflamação e ela fica avermelhada, o que é chamado de câncer inflamatório, que é um pouco menos comum, mas também é um sintoma.

Leiagora - Quando a realização dos exames de diagnóstico é indicada? A partir de qual idade?

André Crepaldi -
 Geralmente é indicado a partir dos 40 anos. Há uma discrepância nas orientações dos dos órgãos. Por exemplo, a sociedade de Mastologia recomenda que a partir dos 40 anos se faça a mamografia e exame de mama.

No Instituto Nacional do Câncer, que é o órgão que regula a parte pública do país, eles colocam isso como 50 anos, mas as mulheres é recomendado mesmo com 40 anos, porque um número significativo de mulheres abaixo de 50 anos desenvolvem câncer de mama que chega até 25% dos casos, por isso se indica a partir dos 40 fazer o exame e o auto exame. Geralmente aprende a fazer o autoexame na idade adulta, onde durante o banho é orientado a apalpar as mamas, geralmente de 4 a 5 dias após a menstruação para quem não tenha interferência dos hormônios pelo inchaço e realmente a mamografia é o método diagnóstico mais usado e o que tem a possibilidade de detectar câncer no início.

Você pode usar outros métodos em conjunto de imagem da mama, que a gente tem a ultrassonografia e a ressonância, mas como de modo geral é a mamografia o grande exame de rastreamento que a gente chama de detecção precoce. Já o autoexame começa na idade adulta, geralmente a partir dos 20 anos.

Leiagora - Homens também podem desenvolver câncer de mama? 

André Crepaldi - Entre os casos 1% em homens então também o homem deve prestar atenção a qualquer normalidade na mama, e se encontrar deve procurar sim atendimento porque o homem é mais descuidado e às vezes não tem ideia de que isso possa causar. A orientação é de que há qualquer anormalidade deve-se ir atrás e buscar realmente ajuda.

Leiagora - Como funcionam os tratamentos?

André Crepaldi - Uma vez diagnosticado com câncer de mama o primeiro tratamento é a retirada do material. Hoje a gente tem vários tratamentos diferente dentro do câncer de mama, alguns são sensíveis às determinadas medicações, outros não, e a gente consegue separar isso, mas assim de modo geral vai envolver a cirurgia seja ela no começo ou depois de um tratamento com medicações, mas normalmente envolve cirurgia a quimioterapia que são remédios na veia e hoje já tem mais tratamentos juntos que se chama imunoterapia e a radioterapia que é o tratamento com radiação. Então quando vai ser usado isso, se vai ser usado todos os métodos vai depender do tipo de tumor e na avaliação pelo médico pra indicar, mas normalmente envolve todas essas áreas e hoje já tem grandes avanços em todas essas três. 

Leiagora - Quais são os principais mitos sobre o câncer de mama?

Existem muitos mitos desde se mexer na mama pode espalhar, uso de desodorante com alumínio, que a doença é contagiosa. Além disso, tem também mulheres que acham que um traumatismo ou pancada na mama pode levar ou levou a desenvolver a doença, bom esses são os principais.

Leiagora - Existem hábitos que possam diminuir os riscos de desenvolver a doença?

André Crepaldi - Manter o peso corporal é um dos maiores aliados para reduzir o risco, bem como a atividade física, que já tem inúmeros trabalhos mostrando que as atividades física regular seja uma caminhada, ou outra atividade reduz a chance de desenvolver câncer.

Um hábito que deve ser evitado é uso do álcool, pois aumentam as chances de desenvolver as doenças. Para finalizar, é orientado que procurem sempre orientações de qualidade e mantenham seus exames realmente em dia.