A IMPRENSA DE CUYABÁ

Quinta-feira, 09 de Novembro de 2023, 11h:57

Pró-reitor do IFMT é apontado como “financiador” de esquema de compra e venda de mercúrio ilegal

De acordo com as investigações, o servidor público emprestou R$ 219,1 mil para auxiliar na continuidade do esquema. Em troca, o pró-reitor recebeu R$ 630,7 mil de empresas vinculadas a Arnoldo Veggi

RAYNNA NICOLAS - Hipernoticias

pro reitor da ifmt

 O pró-reitor de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), Marcos Vinícius Taques Arruda

O pró-reitor de Extensão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), Marcos Vinícius Taques Arruda, entrou na mira da Polícia Federal por ter, em tese, atuado como financiador da organização criminosa que atuava na compra e venda de mercúrio ilegal destinado à mineração.

De acordo com as investigações, o servidor público emprestou R$ 219,1 mil para auxiliar na continuidade do esquema. Em troca, o pró-reitor recebeu R$ 630,7 mil de empresas vinculadas a Arnoldo Veggi, responsável pela comercialização de mais de cinco toneladas de mercúrio ilegal em dois anos.

Segundo a Polícia Federal, o núcleo de financiadores supria a alta demanda financeira da organização criminosa e a desorganização contábil de Arnoldo. Amigos próximos e parentes estão entre os principais 'investidores' do esquema, que supria o garimpo com mercúrio ilegal em Mato Grosso.

Além de Marcos Vincius, são citados nesse núcleo José Eduardo Miranda, que inseriu, em um mês, a quantia de R$ 3,2 milhões nas empresas do Grupo Veggi com pequenas transferências, pagamentos de títulos, boletos e tarifas. De acordo com a PF, há indícios de que Miranda auxiliava na lavagem do dinheiro oriundo da atividade ilícita.

Juliano Garruti de Oliveira, Edy Veggi Soares, Guilherme Motta Soares, Marcelo Coelho Miranda e Jefferson Dias Castedo também teriam aplicado quantias de até R$ 600 mil no esquema.

Além dos financiadores, o esquema também contava com núcleos de fornecedores, intermediadores, compradores, operadores e "sócios".

OPERAÇÃO HERMES II

Na quarta-feira (8), a Polícia Federal deflagrou a segunda fase da Operação Hermes (Hg), que culminou no cumprimento de 34 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso e em outros três estados.

A novo desdobramento das investigações ocorre 10 meses após a deflagração da Operação Hermes (Hg) I, considerada a maior operação policial do país para desarticulação de uso ilegal de mercúrio.

As apurações tiveram início a partir da investigação de uma empresa com sede em Paulínia/SP, que utilizava criminosamente de suas atividades autorizadas para produzir créditos falsos de mercúrio em sistema do Ibama.

A partir da análise de milhares de fontes bases (documentos e dispositivos eletrônicos), durante dez meses, a Polícia Federal identificou uma extensa cadeia organizada de pessoas físicas e jurídicas envolvidas no esquema ilegal de comércio de mercúrio e ouro extraído de garimpos na Amazônia e retirou sete toneladas de créditos de mercúrio dos sistemas do Ibama.

A Operação Hermes (Hg) II, por sua vez, visa aprofundar as investigações, buscando provas do funcionamento desse esquema, do envolvimento dessas pessoas, especialmente os principais responsáveis pelo comércio e os respectivos compradores finais do mercúrio ilegal, além de identificar o patrimônio construído para ocultar a atividade ilícita e os ganhos oriundos dela.