O presidente da Câmara de Cuiabá, Chico 2000 (PL)
O presidente da Câmara de Cuiabá, Chico 2000 (PL), afirmou que aguarda informações oficiais para adotar as providências cabíveis contra o vereador Paulo Henrique, alvo da Operação Ragnatela, que investiga esquema de lavagem de dinheiro do Comando Vermelho a partir de casas noturnas e apresentações nacionais.
Com relação aos três servidores da Casa presos na ação policial, o presidente do Legsilativo cuiabano asseverou que o trio já foi exonerado.
"Com relação ao vereador, é evidente que precisamos aguardar informações oficiais. Já conversei com o procurador da Casa e vou pedir a ele que nos traga informações oficiais e, se necessário, que vá conversar com essa equipe de policiais que fez todo trabalho. Estamos aguardando vereador para ouvi-lo também", comunicou à imprensa nesta quinta-feira (6).
A Operação Ragnatela foi desencadeada na quarta-feira e mobilizou um efetivo de 400 policiais em Mato Grosso e no Rio de Janeiro. Promoters, servidores públicos, empresários e faccionados estão na lista de alvos.
De acordo com as investigações, eles adquiriram uma boate em Cuiabá pelo valor de R$ 800 mil - pagos com dinheiro do tráfico - e passaram a patrocinar apresentações no local, dissimulando a origem do dinheiro.
Um dos servidores da Câmara, Rodrigo Leal, seria uma das peças chaves do esquema, organizando os shows, participando da divisão dos lucros e fazendo a ponte do crime organizado com o poder público.
A proximidade com o vereador Paulo Henrique e a influência dele sobre a Secretaria de Ordem Pública teriam possibilitado a negociação de propina com agentes da fiscalização facilitando a realização dos shows do Comando Vermelho.
O próprio vereador Paulo Henrique, conforme as investigações, teria recebido vantagens indiretas, por meio do Sindicato dos Agentes de Regulação e Fiscalização do Município De Cuiabá (Sindraf) que recebeu 'doação' de uma empresa vinculada a Willian Aparecido da Costa Pereira, o Willian 'Gordão', faccionado do CV e 'testa de ferro' da casa noturna usada para lavagem de dinheiro.
Ainda na quarta-feira, o vereador se pronuciou por meio de nota. Ele negou qualquer envolvimento com as atividades criminosas e que não tem responsabilidade sobre o que seus assessores fazem em suas vidas particulares. Reforçou que permanece 'com tranquilidade' à disposição da Justiça.
REPRESENTAÇÃO
No âmbito da Câmara, o presidente Chico 2000 informou que a Comissão de Ética só poderá fazer investigação político-administrativa sobre os fatos caso seja provocada.
"Ocorrendo [a representação], o procedimento será identico a todos que ocorreram aqui nessa casa. Se Comissão de Ética, segue um rito. Se comissão processante, segue outro. Mas todos serão submetidos à apreciação do plenário", garantiu.
Com relação aos servidores, incluindo Rodrigo Leal, o presidente do Legislativo afirmou que o grupo poderá se readmitido caso fique comprovada a inocência deles. Contudo, diante da notícia das prisões e da atribuição de ofício concedida a Chico 2000, a decisão considerada mais prudente foi proceder com a exoneração.
"Nesse momento eles estão presos. Nem cumprir as funções na casa eles não virão, então não tive outro caminho que não a exoneração", finalizou.