Moradores de Chapada dos Guimarães (a 62 km de Cuiabá) estão colhendo assinaturas por meio de um abaixo-assinado online para tentar impedir o início das obras no Portão do Inferno, previstas para começar no dia 28 deste mês.
De acordo com Fernanda Lemes, uma das residentes do município, o retaludamento planejado comprometerá o direito de ir e vir da população, que ainda não sabe como se deslocar rapidamente com o fechamento da MT-251.
Fernanda expressou a preocupação dos moradores de ficarem “ilhados” em Chapada dos Guimarães devido ao fechamento da rodovia para as obras no Portão do Inferno.
Em entrevista ao Leiagora, Fernanda relatou que uma associação de moradores tem tentado dialogar com a Prefeitura e o Governo Estadual, mas sem sucesso.
“Os moradores estão sendo prejudicados justamente pela falta de informação. Ninguém nos passa nada. Todas as informações que chegam até a gente, quando chegam, são muito fragmentadas. A gente só sabe que a obra vai acontecer, não nos deram opção, não fizeram nenhum tipo de reunião, mesmo com vários estudos que comprovam o impacto ambiental dessa obra, o quanto Chapada, principalmente nós que moramos aqui, o quanto a gente vai ser prejudicado, nós fomos as últimas pessoas que ficam sabendo das coisas”, contou Fernanda.
Um dos problemas apontados por ela é o deslocamento por rotas alternativas, que pode levar horas, afetando aqueles que moram em Chapada e trabalham em Cuiabá.
“Não existe uma alternativa, a gente não sabe o que fazer. Tudo passa em Cuiabá. Eu tenho filhos, os meus filhos vão ao médico em Cuiabá. Qualquer exame que a gente tem que fazer, a gente tem que ir para Cuiabá. Não tem nenhum oftalmologista aqui Chapada. Se a gente quiser fazer uma consulta de oftalmologista, a gente tem que se deslocar até Cuiabá. Pessoas estudam em Cuiabá diariamente. Então a nossa luta é essa. Como que vai ficar isso? A estrada pela Água Fria não dá para passar. É um atoleiro, é um areião, se você entrar com um carro normal ali, você não passa. Aí vir por Campo Verde são quatro horas de viagem. Isso é inconstitucional, proibir as pessoas deslocarem, não existe isso”, pontuou.
No abaixo-assinado, os moradores pedem que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) suspenda a licença concedida ao Governo Estadual e organize uma audiência pública para discutir uma solução melhor para o Portão do Inferno.
“Ao Ibama, que suspenda a licença para a realização da obra e venha para uma audiência conosco, em Chapada dos Guimarães, sobre os impactos analisados e os ainda não estudados da obra, tomando, com os moradores, definições sobre caminhos seguros do ponto de vista social, cultural e ambiental”, diz trecho do pedido.
Até o momento, 4.835 assinaturas foram coletadas, a meta são 5 mil. Nos comentários do abaixo-assinado, assinantes reclamam da situação e ressaltam a questão ambiental.