O médico Diego Rodrigues Flores é um dos investigados por envolvimento em um suposto esquema de pirâmide financeira em Cuiabá, por meio da empresa DT Investimentos. Ele ocupava o cargo de diretor técnico do Hospital Municipal São Benedito, do qual foi exonerado em janeiro deste ano.
Diego tem 35 anos, formou-se em Medicina em 2016 e atua como cirurgião-geral em Mato Grosso. Além de ser investigado pela Decon (Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor) de Cuiabá, ele também foi alvo de uma investigação da Polícia Federal.
O médico, que está sendo processado civilmente por vítimas da DT Investimentos, negou ter envolvimento com a empresa.
Entretanto, relatos de antigos clientes o contrapõem, assim como documentos que sugerem ligação dele com Taiza Tossat Eleotério da Silva, em nome da qual está registrada a empresa.
Taiza foi presa no dia 31 de outubro, em Sinop, na Operação Cleópatra. Já Diego e o ex-policial federal Ricardo Mancinelli Souto Ratola foram alvos de mandados de busca e apreensão, tiveram bens e valores bloqueados, e tiveram suspensas atividades econômicas de empresas ligadas a eles.
Reprodução
Contrato de locação de sala comercial no Edifício Helbor Business Office e Corporate, em nome de Diego Flores, como locatário, e Taiza da Silva, como fiadora
Segundo a Decon, que investiga o caso, os três teriam encabeçado o esquema financeiro que vitimou dezenas de vítimas em R$ 2,5 milhões. Entretanto, o número de lesados, conforme apurado pela reportagem, pode chegar a 100, incluindo pessoas de fora do Brasil, que somados tiveram prejuízo aproximado de R$ 15 milhões.
Nos banners de apresentação dos sócios da empresa, divulgados em 2021, Diego aparece como diretor administrativo, ao lado de Taiza da Silva, e Ricardo Ratola, com quem Taiza era casada.
Na imagem, Diego é apresentado como médico há seis anos, cirurgião-geral há quatro, coordenador do centro de endoscopia do Hospital Municipal de Cuiabá, empreendedor e empresário e “também diretor administrativo da DT”.
Em uma publicação de 25 de abril de 2021, no perfil do Instagram da empresa, que já foi deletado da rede social, aparece uma foto do médico e abaixo a legenda da imagem: “Nosso diretor administrativo te esperando para investir conosco”.
Um contrato de locação obtido pela reportagem, datado em 13 de janeiro de 2021, ainda coloca Diego como locatário de uma sala comercial no Edifício Helbor Dual Business Office e Corporate, no Bairro Alvorada, em Cuiabá, antigo endereço do escritório da DT Investimentos. A fiadora do médico no contrato é Taiza da Silva.
A sala, conforme o documento, foi alugada por 12 meses, de 15 de janeiro de 2021 a 15 de janeiro de 2022, por R$ 3 mil mensais.
Reprodução
Planilha produzida pela PF demonstrando transferências recebidas na conta de Diego, enviadas por Taiza da Silva e Ricardo Ratola
A reportagem ainda obteve acesso ao relatório de inteligência financeira da Polícia Federal, no qual há imagens de dados extraídos das contas bancárias do médico, no período de 2020 a 2022, que demonstram movimentações entre a conta dele e as contas de Taiza Tossat Eleotério da Silva e Ricardo Ratola.
A vida como médico
O médico é proprietário da Clínica Rodrigues Flores, localizada em Jaciara e ativa desde 2015. Entretanto, Diego, como consta em suas apresentações e documentos públicos, atua em Cuiabá em hospitais e clínicas particulares e atuava em hospitais públicos.
No Portal Transparência da Prefeitura de Cuiabá, consta que Diego foi admitido no Hospital Municipal São Benedito em outubro de 2022, e durante o período de atuação, até janeiro de 2024, quando foi exonerado, ele recebia o salário de R$ 17.670,36 líquidos.
Outro lado
A defesa de Diego Flores entrou em contato com a reportagem, e enviou a decisão de um processo judicial na 5ª Vara Cível de Ribeirão Preto (SP), de maio de 2024, no qual a juíza Mayra Callegari Gomes de Almeida entendeu que o médico não atuava como sócio oculto da DT Investimentos.
“Por outro lado, o requerido Diego nunca integrou o quadro societário da empresa requerida, não havendo provas suficientes de que atuava como sócio oculto, motivo pelo qual a desconsideração da personalidade jurídica não se estenderá a ele. Destarte, os pedidos devem ser improcedentes em relação a ele”, consta na sentença.
Apesar da decisão, ele segue investigado pela Polícia Civil de Mato Grosso.
Mídia News