Dados divulgados recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que 7% das pessoas com 15 anos ou mais no país são analfabetas. Isso equivale a 11,4 milhões de brasileiros que não sabem ler e escrever uma carta simples. Os dados foram coletados no Censo Demográfico 2022.
Em Mato Grosso, o analfabetismo afeta 5,81% da população, o que corresponde a 164,4 mil pessoas.
Já em Mato Grosso do Sul são 115 mil analfabetos entre os 2,7 milhões de habitantes.
No país, a maior taxa de analfabetos é entre os idosos de 65 anos ou mais (20,3%). E aqui estamos nos referindo a quem não consegue redigir ou ler um bilhete simples, não estamos falando dos analfabetos funcionais, aqueles que sabem ler e escrever coisas básicas, mas não conseguem interpretar um texto ou fazer operações matemáticas.
Muito além dos dados estatísticos, precisamos avaliar as consequências do analfabetismo para essa parcela da população em idade ativa.
É fato que existem outras formas de comunicação, além de escrever e ler. Mas não há como negar que, quando a pessoa enfrenta dificuldades para se comunicar, as oportunidades de trabalho serão restritas.
E os obstáculos são muitos. Uma pessoa que não sabe ler nem escrever nos centros urbanos tem sérias barreiras para garantir seu direito de ir e vir, por exemplo, quando não consegue ler o itinerário do ônibus.
Não saber anotar um recado, não entender a receita com prescrição de remédios, não acompanhar a liturgia religiosa por não conseguir ler a bíblia ou outro livro sagrado. Enfim, o analfabetismo acaba trazendo uma série de “nãos” para a vida do cidadão e isso afeta sua dignidade humana.
Os dados do IBGE mostram que os índices de alfabetização melhoraram no país em relação ao censo de 2010, porém ainda temos um longo caminho pela frente. Investir em escolas de qualidade, apoiar programas de alfabetização de adultos e combater o trabalho infantil estão entre as soluções.
Sempre que o tema “analfabetismo” surge na pauta, me lembro do que meu falecido avô José Luiz da Silva contava para os netos sobre a importância dos estudos. Ele só aprendeu a ler e escrever quando já pensava em se casar.
Foi procurar o caminho da escola depois de se sentir humilhado pelo pai de uma moça que ele estava cortejando. “Minha filha não namora analfabeto”, ouviu meu avô quando já estava perto de completar seus 18 anos.
O namoro com essa jovem não vingou, minha avó Mariana surgiu no caminho dele. Mas meu avô foi para a escola, aprendeu a ler e escrever e nunca mais viu sua dignidade machucada por esse motivo.
Hoje em dia as possibilidades são bem maiores que na época do meu avô José Luiz e qualquer pessoa, em qualquer idade, pode se matricular numa escola e recuperar o tempo perdida em uma sala de EJA (Educação de Jovens e Adultos).
Nunca é tarde para descobrir o mundo que há por trás das letras, da palavra. Não é só a comunicação que melhora. A vida melhora!