Os Correios irão desembolsar aproximadamente R$ 200 milhões para pagar um benefício extra de fim de ano no valor de R$ 2.500 a cada um dos 84.700 funcionários da estatal. O chamado "vale peru" foi negociado no Acordo Coletivo de Trabalho deste ano e oficializado em 10 de dezembro, conforme divulgado pelo portal Poder360.
A medida chama atenção por vir apenas dois meses após a empresa comunicar a suspensão de novas contratações e a imposição de limites de gastos para evitar insolvência financeira. Atualmente, os Correios enfrentam um déficit acumulado de R$ 2 bilhões até setembro de 2024, e o prejuízo pode superar o recorde histórico de R$ 2,1 bilhões registrado em 2015, durante o governo Dilma Rousseff (PT).
Uma herança do passado recente
O benefício, que havia sido suspenso em 2020 sob a gestão do general Floriano Peixoto (2019-2022), no governo Bolsonaro, retorna agora com valor significativamente maior. Na época, medidas de austeridade visavam estabilizar as contas da estatal, em consonância com a política de responsabilidade fiscal.
Enquanto a gestão atual amplia o valor do "vale peru" de R$ 1.000 para R$ 2.500, críticos apontam que a prioridade deveria ser sanar o déficit bilionário da empresa e implementar reformas estruturais.
Como será pago o benefício
Segundo o Acordo Coletivo, o valor será pago em duas etapas:
- Primeira parcela: R$ 1.000, que pode ser antecipada para setembro ou recebida em dezembro de 2024.
- Segunda parcela: R$ 1.500, a ser paga até o quinto dia útil de janeiro de 2025.
“Vale Peru a caminho! Boa notícia para esta sexta-feira, 13! Além da segunda parcela do 13º salário, as empregadas e os empregados dos Correios vão receber os R$ 1 mil da primeira parcela do Vale Peru", comemorou a estatal em comunicado oficial.
O custo do "vale peru" para a estatal
Enquanto o Sintect (Sindicato dos Trabalhadores na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) celebra a conquista, especialistas questionam a viabilidade financeira da decisão.
Com a estatal acumulando prejuízos e enfrentando a concorrência crescente de empresas privadas no setor de logística, o benefício representa uma despesa elevada em um momento crítico.
A volta do "vale peru" pode ser vista como um reflexo das políticas de flexibilização fiscal promovidas por gestões alinhadas a sindicatos e pautas trabalhistas, mas a dúvida persiste: como equilibrar benefícios e a sustentabilidade financeira da empresa?
Em tempos de crise, medidas como essa reacendem o debate sobre a necessidade de modernizar e privatizar empresas públicas para garantir eficiência e evitar que o contribuinte arque com os prejuízos de má gestão.