21 de Novembro de 2024

JUDICIÁRIO Quarta-feira, 06 de Novembro de 2024, 14:06 - A | A

NÃO VAI DAR EM NADA

Ex-procurador da lava jato prevê que investigação sobre venda de sentenças "Acabará em Pizza"

As investigações tiveram início com a apreensão do telemóvel do advogado Roberto Zampieri, que foi assassinado em dezembro de 2023, ao sair de seu escritório em Cuiabá

Folha do Estado

deltan delagnol

 O ex-procurador da República e ex-deputado federal Deltan Dallagnol

O ex-procurador da República e ex-deputado federal Deltan Dallagnol, figura central na Operação Lava Jato, comentou em suas redes sociais e no seu canal no YouTube sobre o polêmico caso de venda de sentenças envolvendo ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ). 

Segundo Dallagnol, o desfecho desta investigação, que inclui o possível envolvimento de lobistas e membros do Judiciário, será decepcionante, “acabando em pizza”. 

As investigações tiveram início com a apreensão do telemóvel do advogado Roberto Zampieri, que foi assassinado em dezembro de 2023, ao sair de seu escritório em Cuiabá. 

Zampieri estaria envolvido em esquemas de venda de decisões judiciais, com indícios de colaboração entre lobistas, servidores e magistrados. 

O celular do advogado, agora nas mãos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), revelou indícios suficientes para o afastamento de várias figuras judiciais de Mato Grosso, incluindo desembargadores e um juiz. 

Deltan Dallagnol expressou ceticismo quanto ao avanço das investigações, lideradas pelo ministro do STF, Cristiano Zanin, que, nos bastidores, teria afirmado não haver evidências robustas contra ministros do STJ. 

Para o ex-procurador, esta postura é um indicativo de que os ministros envolvidos dificilmente enfrentarão sanções. 

O mais provável é que esse caso de corrupção no Judiciário seja totalmente anulado ou arquivado em relação aos ministros, enquanto os assessores, que são os ‘peixes pequenos’, pagarão o preço”, declarou Dallagnol. 

Apesar de não haver provas contundentes sobre o envolvimento direto dos ministros, um relatório do Coaf apontou que um lobista teria feito um pagamento suspeito a um ministro do STJ, o que reforça a necessidade de uma investigação aprofundada. 

No entanto, Dallagnol teme que a impunidade prevaleça, apontando para um histórico de falta de responsabilização em esquemas de corrupção que envolvem figuras de alto escalão no Brasil. 

A impunidade é regra, não exceção, em casos de corrupção, especialmente para os poderosos”, ironizou o ex-procurador, lembrando a anulação de partes significativas das investigações da Lava Jato. 

Dallagnol encerrou suas declarações com uma análise crítica sobre o funcionamento do sistema de justiça brasileiro, alegando que a venda de sentenças dificilmente se limitaria aos assessores, sem que houvesse ciência dos ministros envolvidos. 

O caso gerou grande repercussão em Mato Grosso e no país, onde outros veículos de comunicação, caso segue em investigação.



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