A semana do feriado da Consciência Negra começou em Mato Grosso, neste ano de 2024, com uma história em que se misturam amor e estranha e estúpida falsidade na Assembleia Legislativa de Mato Grosso.
Faço estas anotações porque ninguém as fará, já que nosso típico jornalista cuiabano e seus patrões vivem dependurados no saco dos dirigentes da Assembleia, dependendo das migalhas que caem daqueles cofres, mas o fato aconteceu e merece registro.
Primeiro, o desperdício do dinheiro público. Com tanta gente contratada e regiamente paga em seu quadro de pessoal, gente suficiente, imagino eu, para organizar qualquer evento desse tipo, a ALMT desperdiçou, conforme informou o incansável Alexandre Aprá, nada menos que a bufunfa de R$ 393.200,00 para realizar o Seminário “35 anos da Constituição do Estado de Mato Grosso”, por meio de um contrato com inexigibilidade de licitação, assinado com a Academia Brasileira de Formação e Pesquisa (ABFP) Ltda, com sede no Setor Bancário Norte, Asa Norte, em Brasília (DF). Vejam que até Alexandre de Moraes, Flavio Dino e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), devem ter ganho um dinheirinho pra deslocar seus ricos traseiros lá de Brasília, para posar ao lado dos deputados mato-grossenses, nesta boca rica.
Depois, as mentiras. Conforme destacou a veneranda jornalista Valéria Del Cueto, em suas redes sociais, depois de acompanhar a festiva e custosa solenidade, em um documentário apresentado na cerimônia, em uma fala do conselheiro do TCE e também deputado constituinte Antônio Joaquim, apareceu o nome do ex-deputado Hermes de Abreu como mais um constituinte que teria atuado na relatoria da Constituição de Mato Grosso, quando na verdade, o relator foi um só, o então deputado Luíz Soares. Para os mais chegados, Luizinho era, simplesmente, o Cabeção.
Informação incorreta, informação mentirosa, inserida no documentário sabe-se lá por que cargas d`água. Segundo a Valéria escreveu, e muitos se lembram, “Basta olhar na própria Constituição original, onde aparecem os nomes e cargos ocupados pelos constituintes e os funcionários que trabalharam em sua elaboração”. Valéria protestou e ficou no ar o protesto: por que Antônio Joaquim cometeu este deslize? Por que aquele ou aquela que produziu o tal documentário para a ALMT escorregou na maionese e manteve a incorreção histórica?!
Falei de mentira e falei também que havia amor, nesta história. O amor, é claro, fica por conta da atuação da jornalista e cineasta e fotógrafa e carnavalesca e blogueira Valéria del Cueto, hoje uma balzaqueana, vivendo entre Xerém (Duque de Caxias) e Copacabana, no Rio de Janeiro. Na sua juventude, Valéria Del Cueto pontificou, em Cuiabá, MT, com sua morenice, como uma das musas da cuiabania, uma das mulheres que apaixonou Luíz Soares e, por isso, viveu com ele uma daquelas bem românticas e tórridas histórias de amor. Amor que, pelo visto se mantém até hoje, e faz com que Valéria dê verdadeiras cambalhotas no ar e nas redes sociais, para defender a memória do ex-deputado e seu parceiro, que faleceu em 16 de junho de 2022, aos 64 anos, de causas naturais, quando já não tinha tanta importância no tabuleiro político.
Depois de me falar da falsificação histórica promovida pelo conselheiro Antônio Joaquim e respeitada pela atual Mesa da Assembleia, no custoso evento promovido na segunda-feira, com a presença de três ministros aparentemente muito bem pagos para se deslocarem de Brasília para Cuiabá, Valéria del Cueto voltou às redes com uma denúncia mais impressionante, chocante, revoltante. A informação de que o comando da ALMT, que nestes últimos anos esteve colocado nas mãos dos deputados Eduardo Botelho e Max Russi, vem promovendo um atentado estranho mas sistemático contra a memória do deputado Luíz Soares.
Com a sua habitual paixão e ferocidade, Valéria del Cueto escreveu então, na segunda-feira, dia 18: “DESAFIO: Procurem nesse link, onde aparecem os nomes dos parlamentares da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, no site da Casa de Leis, o nome de Luiz Soares nas 10ª, 11ª, e 13ª legislaturas em que ele foi ELEITO PELO POVO de Mato Grosso para representá-lo. Seu nome foi APAGADO. No lugar aparece Sueli Capitula (sem partido), como parlamentar! Detalhe: Sueli nunca foi deputada estadual. Alguém PRECISA recolocar o nome e a história de Luizinho nos registros da Assembleia em que ele tanto e tão bem representou. Ele foi deputado estadual por três legislaturas, secretário da mesa diretora e relator da Constituição Estadual de Mato Grosso. Isso é crime!”
Republiquei nas minhas redes sociais o link que Valéria divulgou: https://www.al.mt.gov.br/parlamento/membros-parlamentares?fbclid=IwY2xjawGp6pRleHRuA2FlbQIxMQABHdgOzGzi0M2rISuaQ36GGNmaApuDL_ROaEjq-hMArrW64_bYz_w77TYbmQ_aem_a1BkK9aI8Zntd07LgMctAw
E orientado pela Valéria entrei lá no link relativo à 11ª Legislatura, constatei a falsificação histórica, cínica, um fato incrível, fantástico, extraordinário cometido neste Mato Grosso diante do olhar de todos, e escrevi nas minhas redes: “MENTIRA CABELUDA DA ALMT COMANDADA POR BOTELHO E MAX RUSSI – Na listagem dos parlamentares que pretensamente compuseram a 11ª Legislatura da Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, entre os anos de 1987-1991, consta o nome da senhora Sueli Capitula que, ao que se sabe, jamais fora eleita deputada estadual em época alguma em nosso Estado. Mas o pomposo saite da custosa ALMT – e bota custosa nisso – divulga essa mentira cabeluda, enquanto omite de forma criminosa, de acordo com a jornalista Valéria del Cueto, que o senhor Luíz Soares, tucano na maior parte do tempo, atuou nesse período. Por que esse ódio todo à memória do relator da Constituinte mato-grossense?! – é o que Valéria diz que está querendo entender. Quanto à senhora Capitula pode ser encontrada na Procuradoria Geral do Estado de Mato Grosso e, certamente, pode melhor do que ninguém dar novos sobre detalhes sobre os descaminhos dessa história. Quanto aos senhores Eduardo Botelho e Max Russi, que orientem rápida correção dessas mentiras cabeludas e convoquem coletiva para se desculparem perante os familiares e amigos do falecido senhor Luíz Soares e de seus correligionários que possivelmente ainda restem.”
A minha postagem foi lida pela procuradora do Estado Sueli Capitula, apresentadora da TV Centro América nos seus tempos de mocinha, outra das mulheres que Luíz Soares apaixonou nesta Cuiabá e que também manteve relação amorosa com o ex-deputado.
A senhora Capitula, nos comentários de minha postagem, fez questão de escrever em maiúsculas, com emoji e tudo: “ENOCK QUERIDO, SAUDADES – ACABEI DE CONFIRMAR QUE NO SITE DA ALMT CONSTA NA ORDEM ALFABETICA, AO INVÉS DO NOME DE LUIZ SOARES, O MEU NOME EM TRÊS LEGISLATURAS E NUNCA FUI DEPUTADA, NA REALIDADE SEMPRE FUI CABO ELEITORAL DE LUIZ SOARES, O DEPUTADO QUE ESTÁ SENDO INJUSTIÇADO COM A OMISSÃO DO NOME DELE COMO UM DOS MAIS ATUANTES DEPUTADOS DA HISTÓRIA DE MATO GROSSO, ALÉM DE QUE FOI RELATOR DA CONSTITUINTE DE MT E SENADOR – PERGUNTO: DEVO REQUERER AO PRESIDENTE DA ALMT APOSENTADORIA VITALÍCIA POR TRÊS MANDATOS? ”
Sim, diante da confirmada canalhice histórica dos atuais gestores da ALMT, a senhora Sueli Capitula – que nunca foi deputada e segue atuando na Procuradoria do Estado de Mato Grosso, ainda achou jeito de ironizar. Só dói quando a gente rir.
Acredito que um descalabro deste tamanho revela o baixíssimo nível de gestão a que está entregue, atualmente, o Legislativo estadual de Mato Grosso. Tentam retirar da história de Mato Grosso o nome do deputado Luíz Soares, enfiando em seu lugar o de uma de suas ex-esposas que, como ela mesmo declara, ironizando, jamais foi deputada estadual e, sim, cabo eleitoral, correligionária de Luíz Soares nos seus tempos de atuação parlamentar.
Como bem identificou a jornalista Valéria Del Cueto, apegada e apaixonada à memória de Luís Soares, estamos diante de um CRIME. É preciso que se apurem as responsabilidades, se corrija a mentira histórica, essa patifaria hedionda, e que se punam devidamente os responsáveis. Doa a quem doer. Mais de qualquer um, o conselheiro Antônio Joaquim, que deflagrou a crise, precisa prestar seus esclarecimentos.
ENOCK CAVALCANTI, 71, é jornalista e editor do blogue PAGINA DO ENOCK, editado a partir de Cuiabá, Mato Grosso, desde o ano de 2009
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