Novembro é o mês azul para enfatizar sobre a conscientização e a prevenção do diabetes.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), o diabetes mellitus é uma das doenças crônicas mais comuns em todo o mundo, caracterizada pelo aumento da glicose (açúcar) no sangue devido à incapacidade do corpo produzir ou utilizar adequadamente a insulina, o hormônio que regula a quantidade de glicose que entra nas células.
Apesar de afetar milhões de pessoas todos os anos, muitas pessoas ainda não têm a consciência dos riscos, sintomas e formas de prevenção dessa condição. Por isso, a conscientização sobre o diabetes é fundamental para que a sociedade entenda a importância do diagnóstico precoce junto à uma rotina saudável, exames frequentes e tratamentos adequados.
Existem vários tipos de diabetes, mas os principais são:
• Diabetes tipo 1: Presente em apenas 5-10% das pessoas com diabetes, esse tipo ocorre quando o sistema imunológico do corpo ataca e destrói as células beta do pâncreas (responsáveis pela produção de insulina). Consequentemente, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo e a glicose fica em excesso no sangue. Mais comum em crianças e jovens, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária.
• Diabetes tipo 2: É o tipo mais comum, afetando de 90 a 95% dos pacientes, e está geralmente relacionado a fatores como genética, obesidade, sedentarismo e envelhecimento. A glicose no sangue se eleva, pois o corpo não consegue usar a insulina de maneira eficaz ou não produz o suficiente para controlar os níveis de glicose.
• Diabetes gestacional: intolerância à glicose, com início na gestação. Essa condição aumenta em seis vezes o risco de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) no futuro.
Fatores de Risco
O diabetes tipo 1 ainda não tem sua causa exata identificada, entretanto, é fundamental a realização de exames de rotina e a adoção de hábitos saudáveis. Isso permite que, caso o diagnóstico seja confirmado, ele ocorra de maneira precoce e preventiva, antes do aparecimento de sintomas mais graves.
A conscientização sobre os fatores de risco do diabetes tipo 2 é essencial para que as pessoas possam tomar atitudes preventivas, como exames de rotina e uma alimentação balanceada. Alguns dos principais fatores incluem:
• Obesidade: O excesso de peso, como a gordura abdominal, é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2.
• Sedentarismo: A falta de atividade física contribui para o aumento do peso corporal, o que piora a resistência à insulina.
• Idade: A partir dos 45 anos, o risco de desenvolver diabetes tipo 2 aumenta.
• Histórico familiar: Ter parentes próximos com diabetes tipo 2 aumenta a chance de desenvolver a doença.
• Dieta inadequada: O consumo excessivo de alimentos ricos em açúcares e gorduras saturadas também contribui para o aumento da glicose no sangue.
Sintomas do Diabetes: Os sintomas do diabetes podem variar conforme o tipo e o estágio da doença. Entre os sinais mais comuns estão:
• Sede em excesso
• Urina frequente
• Cansaço
• Perda de peso e desidratação
• Visão turva (embaçada)
É muito importante conhecer esses sintomas e procurar um médico caso apresentem algum deles. O diagnóstico precoce pode evitar complicações graves, como problemas cardiovasculares, cegueira, danos nos rins e até coma e amputações.
Prevenção e Controle
O diabetes tipo 1 ainda não pode ser prevenido, já que é um “ataque” do próprio corpo contra as células produtoras de insulina, mas é possível controlar com as medicações e estilo de vida, evitando sua evolução e futuras complicações.
Já o diabetes tipo 2 pode ser prevenido ou controlado com mudanças simples e eficazes no estilo de vida, como alimentação saudável, exercício físico regular, controle do peso e acompanhamento com um profissional da saúde.
A Importância da Educação e Conscientização
A conscientização sobre o diabetes serve para todos, com a doença ou não. Ela inclui a desmistificação de mitos e o incentivo à adoção de hábitos saudáveis para todos. Além disso, é muito importante que toda a sociedade adquira o autocuidado para aderir a um acompanhamento médico frequente.
A Educação em diabetes também pode ser realizada por meio de consultas com profissionais da saúde educadores em diabetes, com um acompanhamento individualizado para melhorar a qualidade de vida do paciente e sua adesão ao tratamento. A contagem de carboidratos é uma das ferramentas essenciais que se desenvolve na educação em diabetes, especialmente para pacientes com diabetes tipo 1 ou diabetes tipo 2 que utilizam insulina, pois permite que entendam e controlem o impacto dos carboidratos na glicemia, de acordo com as necessidades individuais. Isso promove autonomia, permitindo escolhas alimentares equilibradas, sem proibições, e previne futuras complicações e oscilações glicêmicas, o que melhora a qualidade de vida do paciente.
Tecnologia no Controle do Diabetes
Embora os cuidados com diabetes incluem cuidados diários com a alimentação, exercício e medicação, a tecnologia para auxiliar no tratamento condição está cada vez mais evoluída, com diversas opções para uma melhor qualidade de vida.
Monitores de Glicose (Glicosímetros)
No século passado, as pessoas com diabetes realizavam testes de glicose pela urina. Em 1996, foi lançado o primeiro glicosímetro, para o paciente verificar a glicose no sangue, furando os dedos várias vezes ao dia. Embora esse método ainda seja amplamente utilizado, existem monitores contínuos de glicose (CGM), sensores que permitem que a pessoa monitore a glicose de forma contínua (pelo celular, relógio ou leitor) e sem a necessidade de picadas frequentes. Esses sensores possuem alarmes para níveis altos e baixos de glicemia, o que auxilia o paciente nas suas tomadas de decisões para ajustes mais precisos no tratamento.
Bombas de Insulina: São dispositivos eletrônicos conectados ao paciente (há opções com e sem fio) que fornecem uma quantidade precisa e controlada de insulina ao longo do dia, substituindo as injeções manuais. Elas podem ser programadas para liberar doses de insulina de acordo com as necessidades de cada paciente. Algumas bombas também podem ser combinadas com monitores contínuos de glicose, o que ajuda ainda mais na programação do sistema automatizado que ajusta a dose de insulina em tempo real.
Aplicativos de Saúde e Monitoramento: Apps de smartphone ajudam os pacientes a registrar alimentação, exercícios, glicemia e exames laboratoriais. Esses aplicativos identificam padrões, permitem ajustes no tratamento e facilitam o acompanhamento remoto, com a possibilidade de gerar relatórios e compartilhar com os profissionais de saúde, o que auxilia nas orientações personalizadas.
Inteligência Artificial (IA) no Tratamento Personalizado: A inteligência artificial está começando a ser usada em todas as áreas, inclusive no diabetes. Atualmente, já temos aplicativos e chats para o paciente enviar a foto da refeição e receber a quantidade de carboidratos daquele prato e quanto de insulina irá precisar aplicar. Isso otimiza tempo na vida do paciente e auxilia nas tomadas de decisões mais precisas, evitando oscilações glicêmicas.
Educação e Conscientização: A tecnologia também contribui na educação de pessoas com diabetes, por meio de vídeos, podcasts e outras plataformas com informações sobre como gerenciar a doença, os avanços no tratamento e dicas de estilo de vida saudável. Isso ajuda a empoderar os pacientes, dando-lhes o conhecimento necessário para tomarem decisões junto ao seu Educador em diabetes.
Conclusão
O tratamento do diabetes tem avançado significativamente com o uso de tecnologias como monitores contínuos de glicose, bombas de insulina e aplicativos de saúde. Aliado a isso, a educação em diabetes desempenha um papel essencial para empoderar os pacientes com informações para tomarem decisões do dia a dia sozinhos, ajudando na prevenção de futuras complicações. A integração das inovações tecnológicas com a conscientização permite um tratamento mais personalizado e eficaz, melhorando a qualidade de vida e o controle da doença, além de prevenir riscos no futuro.
Bruna Fioravante Di Serio é Portadora de diabetes tipo 1 Farmacêutica e Educadora em Diabetes Mestre em Ciências da Saúde (UFMT) Estudante de Nutrição