07 de Janeiro de 2025

OPINIÃO Segunda-feira, 06 de Janeiro de 2025, 09:55 - A | A

Simone de Beauvoir

Rosana Leite A. de Barros

rosana antunes

 Rosana Leite A. de Barros

Simone Lucie Ernestine Marie Bertrand de Beauvoir, ou Simone de Beauvoir, nasceu em 9 de janeiro de 1908 em Paris, falecendo no mesmo local aos 78 anos.

Com ampla produção na escrita, filósofa, editora, tradutora, ativista, feminista, autora de obras de ficção e não ficção, ensaísta, produtora de tratados, peças de teatro, manifesto, romances, contos, novelas, relatos de viagem, memórias, cartas, diários e reportagens.

A família da filósofa investiu em sua formação escolar, tendo sido matriculada no tradicional Institut Catholique de Paris. No ano de 1927 iniciou a sua formação em Filosofia na Sorbonne, e aos 21 anos foi a estudante mais jovem a se tornar professora de Filosofia até então. Ministrou aulas em liceus femininos, de 1931 a 1935, nas cidades de Marselha e Rouen. Os seus textos literários e filosóficos começaram a ser publicados durante a Segunda Guerra Mundial, e após o fim da guerra.

A escritora teve grande contribuição para o existencialismo, a fenomenologia e a filosofia feminista. Teve na ética, na política e na teoria feminista os seus temas centrais, com destaque para a liberdade e a ambiguidade. Destacou-se, ainda, por enfrentar a forte resistência à atuação das mulheres na esfera pública, tendo ela própria sofrido pela dificuldade do seu reconhecimento como filósofa. Refletiu: “Em todas as lágrimas há uma esperança.

Em seu tão famoso e comentado livro “O segundo sexo”, dividido em dois volumes, Beauvoir traça como a opressão masculina deve ser analisada historicamente, com os dilemas e mitos ainda enxergados. Dilucida sobre a apropriação indevida pelo masculino quanto ao positivo, considerando o feminino como negativo, e o neutro como ser humano. Assim, para ela surgiu a “outridade” para as mulheres, o que as levou à perda da identidade social, ficando o sexo feminino relegado e limitado aos efeitos do patriarcado. No primeiro volume a autora faz a análise quanto as múltiplas perspectivas (biológica, psicanalítica, materialista, histórica, literária e antropológica), afirmando que nenhuma delas define a mulher, mas que vem contribuindo para que sejam reconhecidas como “outras”. Já no segundo volume, que já se inicia com a célebre frase “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, é mostrado por ela o absurdo dos papeis de gênero, que as fazem viver na absoluta monotonia. Disse: “Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado, que qualificam de feminino.”

Simone de Beauvoir se dedicou a algumas perguntas durante o seu estudo, que diziam respeito ao sentido da vida individualmente. Dentre os seus questionamentos, a filósofa especificamente se debruçava sobre “para que agir?” Para a escritora, o único sentido da vida é a liberdade como forma de ampliar os respectivos limites. Beauvoir acreditava que a desigualdade entre as pessoas atinge a ética em ampliar o conceito de liberdade. Um dos objetivos para ela em se enfrentar as desigualdades é a de “liberar a liberdade”. A existencialista ditou: “É horrível assistir à agonia de uma esperança”.

Dentre os muitos livros da autora, o romance existencialista “Os Mandarins” foi escrito logo após a Segunda Guerra e exteriorizou que a angústia pode ser palpável. O livro fala sobre o papel dos intelectuais pós guerra, onde a moralidade é explorada em personagens que navegam em relacionamentos instáveis entre si. Com a obra, ela foi agraciada com o Prêmio Goncourt.

A intelectual brincava com as palavras. Aliás, é dela: “Por vezes a palavra representa um modo mais hábil de se calar o silêncio.”

(*) ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.



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