Recebi de um empresário de comunicação um convite que me fez lembrar dos primórdios do rádio, quando aos domingos na hora do almoço escutávamos a ‘crônica da cidade’.
Ouvia Rabelo Leite, Alves de Oliveira, Paulo Zaviaski, Brunini, entre outros pela Rádio A Voz do Oeste, a pioneira.
O jovem empresário me propôs que escrevesse uma crônica que não fosse longa, falando de Cuiabá e meus amores.
Ele contrataria um locutor para a leitura em sua plataforma digital, que tem centenas de seguidores.
Iria procurar também patrocinadores.
Dando certo esse projeto, sobraria um dinheirinho para mim, que sempre é bem-vindo.
Tenho quase quatro mil textos publicados, e nunca recebi nada por esse trabalho.
Quanto maior o número de acessos na plataforma da crônica, melhor o rendimento para o autor do texto lido.
Foi um convite diferente que recebi, e pretendo atender logo ao pedido.
Com esse dinheiro recebido, abrirei uma conta na poupança, pois não sei o que poderá me acontecer nos próximos anos.
A vida é longa cheia de imprevistos, onde é proibido adivinhar.
Gosto de tudo de Cuiabá.
Do seu povo gentil e acolhedor de fala peculiar.
De suas ruas, com subidas e descidas, estreitas e curtas, sem saída.
Seus becos, morros, largos.
Com seus apelidos gostosos: rua de Baixo, do Meio, de Cima, do Campo, da Fé, da Piçarra, da Esperança, do Cemitério, do Baú, da Lixeira, da Boa Morte, do Colégio dos Padres, do Areão, do Mundéuzinho, do Araés, do Quilombo, do Caixão, Lava-pés.
Becos como: o Alto, o Torto, o Estreito, o do Urubu, o Quente, o Sem Saída, o do Candeeiro.
Morros como: o da Prainha, da Luz, do Tambor, do Coxipó.
Largo da Matriz, da Mandioca, o Jardim, Campo d´Ourique.
Rio Cuiabá, cortando a cidade e o do Coxipó.
Assim como as pessoas, todos os seus lugares públicos eram conhecidos pelos seus apelidos.
Esses são os amores da minha Cuiabá.
*Gabriel Novis Neves é médico, fundador e ex reitor da UFMT