A Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) é a principal financiadora da Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) Brasil deste ano. O evento, que será 100% político e ideológico, está marcado para junho em São Paulo.
O evento, que segundo os organizadores, seria maior evento conservador do mundo no Brasil, terá como palestrantes parlamentares e empresários bolsonaristas apenas. No site do evento, não faz nenhuma menção a temas ligados ao agronegócio e/ou produtores rurais.
Um dos palestrantes será o deputado estadual Gilberto Cattani (PL), um dos principais defensores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Mato Grosso. Quem também realizará o evento será o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do presidente, e o ex-secretário especial de Cultura, Mário Frias.
O Site questionou a Aprosoja sobre o valor do patrocínio dado ao envento, já que além da entidade, apenas a rede social Getter, que foi 'adotada' pela direita mundial, e que é alvo de um inquérito na Polícia Federal, aparece entre os patrocinadores.
Porém, a entidade não quis revelar o valor doado para o evento. Por meio de nota a Aprosoja afirmou que oferece apoio institucional "a vários segmentos da sociedade sem gerar ônus à entidade". "Vale ressaltar que nenhum patrocínio envolve recursos do Instituto Mato-grossense do Agronegócio (Iagro)", completa nota.
O "A Imprensa de Cuiabá" também questionou se a decisão de patrocinar o evento teria sido definido em Assembleia pelos seus associados ou pela direção da entidade. No entanto, tal questionamento não foi respondido, bem como qual tema relacionado com a entidade seria debatido.
Investigada
A Aprosoja Mato Grosso chegou a ser alvo de busca e apreensão pela PF por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado. A suspeita é de que a entidade estaria financiando atos atidemocráticos no Brasil, como o 7 de setembro de 2021. A conta da Aprosoja chegou a ser bloqueada pela Corte Suprema.
Uma das suspeitas é que a entidade teria usado recursos do Fundo Estadual de Transporte e Habitação (Fethab) e Instituto Mato-grossense do Agronegócio (Iagro) para financiar tais movimentos bolsonaristas. No entanto, a entidade nega que recebe recursos públicos e que o Iagro, seria uma contribuição individual dos produtores, e que o Estado apenas recolhe.
Um relatório produzido pela Controladoria Geral do Estado (CGE) em 2018 mostrou que o valor se aproxima de meio bilhão de reais. O relatório de auditoria 0047/2018 apurou os repasses com base em documentos do Sistema Integrado de Planejamento e Contabilidade e Finanças, o Fiplan. Somado ao valor contabilizado pela reportagem, com base em documentos públicos, o valor de recursos recebidos pela Aprosoja de 2008 a 2021, chega a R$ 421 milhões.
Estes valores chegaram por meio do Fundo de Apoio à Cultura da Soja, criado em 2015. Fundo este que, em 2019, passou a se chamar Instituto Mato-grossense do Agronegócio (Iagro) e que passou a ter recursos recolhidos junto com o Fethab para quem não quer pagar ICMS. O valor pode ser ainda maior, uma vez que a auditoria não calculou repasses do período de 2005, quando foi criado o Facs, até 2008.