multiartista e cientista social, Lupita Amorim
Rosto conhecido nas rodas culturais de Cuiabá, a multiartista e cientista social, Lupita Amorim, 26, lança no dia 15 de março seu primeiro livro, o "Pele, Passos e Poesias", um marco em sua carreira como escritora.
A arte sempre se fez presente na vida de Lupita. Desde criança, na escola, estava envolvida nas apresentações de dança e teatrais. Com a escrita não foi diferente, ela estava presente na caminhada da artista. Mas em 2019, a poesia se tornou parte principal de sua expressão. Inspirada nos amigos, começou a escrever em conjunto e também participar das batalhas de rima.
Em um mergulho no universo literário, transformou suas vivências no livro Pele, Passos e Poesias. Isso é, a dor e alegria de ter sido uma criança LGBT e negra. Conforme foi crescendo, tinha curiosidade em explorar suas potencialidades, tinha essa vontade de viver a arte.
Com os desafios de ser uma mulher trans negra no Brasil, país que tem estatísticas alarmantes de violências contra essas minorias, sua força vem do coletivo. "O que me mantém viva e animada para superar essas dificuldades é estar com as demais pessoas da minha comunidade e me fortalecer através delas. Ao mesmo tempo, também posso construir um legado como artista, cientista social e militante", afirma Lupita.
Estes trabalhos, segundo a artista, lhe trazem retorno financeiro que, com o tempo, ela pôde se especializar e receber reconhecimento em algumas premiações. "Sinto que ainda tenho mais a explorar, mas agora com 26 anos, estou experimentando uma coisa por vez, então as pessoas nunca sabem o que aguardar de mim".
Lupita diz que sua inspiração para escrever esse livro veio de um hábito simples: caminhar. "Utilizei da minha vivência cotidiana de gostar do hábito de caminhar como laboratório para compor as poesias desta obra. É um convite para que as pessoas participem de tantas caminhadas que já fiz até chegar aqui’. Caminhadas essas que são mais que trajetos físicos; são trajetórias de luta, resistência e de sonho".
A ideia de escrever um livro solo veio após ter lançado livros com outras pessoas e participar de coletâneas. Ela percebeu que suas vivências pelas ruas de Várzea Grande como mulher negra e trans não eram representadas na literatura. "Quantas travestis e pretas a gente visualiza quando está fazendo caminhada ao fim de tarde e para num estabelecimento pra tomar água de coco?", questiona.
Com ‘Pele, Passos e Poesias, ela convida o leitor a caminhar ao seu lado, sentido cada passo, cada verso e cada luta que compõe sua trajetória. Uma obra que, ao mesmo tempo, denuncia, celebra e resiste.
O livro será lançado no dia 15 de março durante o Encontro Cultural e Literário, às 19h, no Centro Cultural Casa das Pretas, na Praça da Mandioca, em Cuiabá, e será marcado por palestra e apresentações culturais.
