01 de Julho de 2024

OPINIÃO Sábado, 29 de Junho de 2024, 12:29 - A | A

Bartira Constança Gardês: a Irmã

neila cadeira

 Neila Barreto

Neta de um francês – João Pedro Gardês, nascido em Lausonne (França), chegou a Cuiabá em 17 de julho de 1871. Morou no Coxipó onde hoje existe os resquícios do Clube Sayonara. Era casado com Ana Edwirges.

Bartira era filha de João Pedro Gardês Filho, falecido em abril de 1936 e de Ricardina Moreira, nascida no dia 30 de novembro de 1908, em Cuiabá-Mato Grosso. Órfã aos onze anos de idade, Bartira entregou-se ao Instituto das filhas de Maria Auxiliadora, em 24 de maio de 1927 e, em 1928 partiu para São Paulo, em busca do seu noviciado. Em 6 de janeiro de 1930 escolheu D. Bosco como seu padrinho de profissão.

Sua formação religiosa iniciou no dia 06 de janeiro de 1928, em São Paulo onde percorreu por vários caminhos até os seus votos perpétuos em 06 de janeiro de 1936, em Campo Grande- Mato Grosso do Sul. 

Bartira tornou-se professora, onde lecionou para os cursos primário, como normalista, formada em 1927, em Cuiabá-MT, foi professora do antigo curso Normal, clássico, científico, comercial abraçando as disciplinas de português, francês, história do brasil, psicologia, sociologia, filosofia, história da educação, latim e biologia, em Corumbá –MS, a partir de 1930 e Campo Grande-MS, a partir de 1931 até o ano de 1941. Em 1941 voltou para Corumbá e lecionou até o ano de 1954. De Corumbá foi para Cuiabá, onde cumpriu o magistério até 1957. Nesse ano voltou para Campo Grande, aposentando-se em 1970.

Além de professora, Bartira exerceu outras funções no ensino mato-grossense, acumulou diversos cargos de coordenação e direção, sempre na área do magistério. Além da dedicação religiosa, ao magistério, ela também se preocupa com os mais carentes e, fundou o Clube de Mães “Laura de Vicunã, atendendo a mais de 150 famílias carentes, proporcionando a elas cursos profissionalizantes, como o de corte e costura, tricô, choche e bordados. Estes ensinamentos eram estendidos a todas as filhas das famílias carentes, também. 

Por todo o seu trabalho, Irmã Bartira Constança Gardês recebeu o título de cidadã campo-grandense no ano de 1978. Em 1980 comemorou o seu cinquentenário de sua Consagração Religiosa e recebeu de presente homenagens com pequenos trechos da sua poesia. Bartira era poeta: (...) hoje, cinquenta anos se passaram/ do dia em que parti de Cuiabá, / minha terra natal! / Onde vidas queridas lá deixei e hoje elas se encontram na Casa do Pai! / Quando parti era jovem: levei flores/ que fui, pelos caminhos, espalhando... (...).

Irmã Bartira, em suas memórias lembra que, na Cuiabá do século XX, “ eu ia para a escola em um bonde puxado a burro”. (...) Ia-se ao Rio de Janeiro pelo Paraguai, ou pela Argentina. Para os professores ela diz: procurem não apenas ensinar, mas educar, porque educação é a mola mestra do progresso individual e social.    

(*) NEILA BARRETO é jornalista, historiadora, membro da AML e presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso.



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