O professor universitário Jayme Leite, de 66 anos, que deu aulas no curso de Geologia da UFMT, descobriu na produção de cerveja artesanal uma nova paixão. Algo que ele leva a sério - atualmente desempenha o cargo de vice-presidente da Acerva MT (Associação dos Cervejeiros de Mato Grosso).
A paixão surgiu em 2015, despretensiosamente, durante uma conversa com um amigo de longa data. Entre uma cerveja e outra, o amigo indagou: “Por que a gente não faz a nossa própria cerveja?”. E desde então o geólogo não parou mais.
Jayme e o amigo começaram os trabalhos comprando “kits prontos” pela internet, que vinham com todos os ingredientes e instruções necessárias para a produção.
Porém, depois de um tempo os kits foram ficando para trás, e Jayme foi buscando cada vez mais a própria identidade cervejeira.
“Existem cursos que são oferecidos para se fazer cerveja. Você pode fazer isso na internet. Pode ir presencialmente fazer o curso também, ou você estuda por conta própria. Comecei estudando por conta própria e depois fiz cursos pela internet. Se quer evoluir, você cada vez estuda mais, mostra a sua cerveja pras outras pessoas para ver o que elas acham, e assim vai trocando informações”, diz.
Segundo o cervejeiro, um iniciante vai precisar investir em média R$ 800 a R$ 1000 para adquirir os primeiros equipamentos, que são: panela cervejeira, balde fermentador, densímetro, termômetro, pHmetro, escumadeira, jarra, borrifador.
Com o tempo e evolução do cervejeiro, surge a necessidade de investir em novos equipamentos para um resultado cada vez mais satisfatório.
Em relação aos ingredientes, a cerveja precisa de quatro principais para a sua receita: água, que compõe 90% da cerveja, o malte (o cereal base da bebida), lúpulo (amargor e conservante natural) e leveduras (o “fermento” da cerveja). Porém, para a produção dos mais 150 estilos de cerveja existentes no mundo, este itens passam longe de serem os únicos.
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Jayme coleciona onze premiações de concursos cervejeiros. Apesar disso, diz que não tem planos de abrir uma cervejaria.
O cervejeiro, que atualmente mora em um residencial de chácaras na estrada de Chapada, enfatiza que quer passar a maior parte do seu tempo em casa com a esposa, cuidando da horta, orquídeas e fazendo a sua cerveja.
“Eu já sou muito velho para querer empreender em uma cervejaria. Curto tomar a cerveja que eu faço, participar de concursos, ganhar as minhas medalhas. Essa é a minha onda. Mas muita gente no Brasil inteiro começou com uma panela e hoje tem uma cervejaria”, explica.
O professor conta que a Acerva-MT estava praticamente desativada na época em que começou a produzir cerveja, e junto a um grupo de cervejeiros, buscou os meios para fazer com que voltasse à ativa.
“A Acerva já estava montada, mas estava “adormecida”. E em 2018, um grupo de pessoas entre os quais eu estou, pensou: ‘Vamos pegar a Acerva e tentar movimentar a cena cervejeira de Cuiabá’”, recorda.
O cervejeiro que somente neste ano já produziu mais de 500 litros tem como um de seus planos reproduzir novamente sua receita autoral, uma cerveja do tipo “Goose” de umbu, com o fruto colhido de seu próprio quintal.
“Eu fá fiz no início do ano passado essa Goose, metade dela pura e metade com Umbu. E esse ano e vou repetir a receita. A colheita do umbu é entre novembro e janeiro. O umbu traz uma acidez e o sabor dele que é indescritível, talvez uma mistura de manga com cajá-manga.”
Curso de especialização em cerveja
Jayme diz que a partir do ano que vem vai ministrar o curso “Tecnologia Cervejeira”, com a coordenação de Paulo Rossinoli na UFMT. Além de aprender a produzir cerveja, os inscritos também vão receber direcionamentos para abrir a sua própria cervejaria. O curso de produção de cerveja terá vagas limitadas, e será divulgado pelo portal da UFMT.